Na ofensiva,
intitulada Operação Calouro, a PF conseguiu identificar todos os líderes das
sete organizações criminosas, que chegavam a cobrar até R$ 80 mil por vaga. Uma
delas operava o esquema havia mais de 20 anos. Em cada vestibular, as
quadrilhas chegavam a arrecadar até R$ 400 mil. Os criminosos falsificavam o
documento de identidade do candidato e colocavam um "clone" para
fazer o vestibular. O esquema incluía também cola por meio de ponto eletrônico.
A fraude nos exames
de Medicina inclui instituições paulistas, entre elas a Pontifícia Universidade
Católica de Campinas (PUC-Campinas), a Universidade Anhembi Morumbi e a
Universidade Nove de Julho (Uninove). Entre as prisões efetuadas, quatro foram
em São Paulo.
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A ação, no entanto,
seria apenas o início de uma ofensiva mais ampla. Há indícios de que as
organizações tenham atuado em exames da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB),
concursos públicos e em vestibulares tão concorridos quanto Medicina.
"Investigamos tentativas de fraudes durante um ano e meio. Cessamos apenas
uma pequena ponta do esquema", afirmou o delegado da PF Leonardo
Damasceno, chefe do núcleo de inteligência policial na Superintendência do
Espírito Santo - onde a operação foi deflagrada.
De acordo com
Damasceno, todas as faculdades envolvidas foram vítimas do golpe e colaboraram
com as investigações. Em média, cada instituição registrou 20 testes suspeitos
de fraude em seus concursos no período. O pagamento do valor combinado dependia
da aprovação do aluno.
O jornal O Estado de
S. Paulo apurou que a operação identificou a fraude em pelo menos uma
universidade pública - a quadrilha tentou, sem sucesso, burlar o processo
seletivo do curso de Medicina da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Não
há indícios de fraude no vestibular de universidades federais nem nas provas do
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A maioria das prisões foi em Goiás, que
concentra seis das sete quadrilhas - foram 28 detenções -, e em Minas Gerais,
onde 15 pessoas acabaram presas.
Aliados
Como se fosse um
segmento regular do mercado, os grupos interagiam entre si, compartilhavam
experiências bem-sucedidas e praticavam um tipo de "concorrência
amistosa", segundo definiu o delegado. "Vários são nomes carimbados,
que já foram presos e, uma vez soltos, voltaram a atuar porque a atividade é
muito lucrativa", explicou Damasceno.
As investigações
começaram após uma denúncia num vestibular no Espírito Santo. Foram expedidos,
ao todo, 73 mandados de apreensão e 70 de prisão de membros de quadrilhas
espalhadas por Goiás, Mato Grosso, Rondônia, Bahia, Rio Grande do Sul, São
Paulo, Espírito Santo, Santa Catarina, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pará e
Distrito Federal, além do Espírito Santo. Entre os suspeitos estão médicos, engenheiros
e estudantes de Medicina. Eles foram indiciados por crimes de formação de
quadrilha, falsidade ideológica, falsidade documental, lavagem de dinheiro e
pelo crime de fraude em seleções públicas. As penas vão de 1 até 10 anos de
prisão.
Segundo o delegado,
no entanto, na maioria dos casos - que ocorreriam especialmente em São Paulo,
no Rio de Janeiro e em Minas Gerais - a quadrilha não consumava a fraude.
"Durante todo esse período de investigações, chegamos a prender em
flagrante outros 60 suspeitos de usar documento falso."
Os candidatos que
contrataram os serviços das quadrilhas não serão presos, mas responderão pelo
crime de falsidade ideológica - incluindo os que não conseguiram vaga no curso
de Medicina. A pena varia de 1 a 3 anos. A PF também vai enviar para as
instituições a lista de alunos que compraram gabarito para que os expulse. A
mesma lista será enviada ao Ministério Público para adoção de medidas penais.
No entanto, caso
existam estudantes que tenham entrado na faculdade de Medicina de forma
fraudulenta e chegaram a concluir o curso, o registro não seria cassado.
"Nós não temos dispositivo legal para isso", diz o presidente do
Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), Renato Azevedo. As
informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
Fonte: dgabc.com.br
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