quarta-feira, 23 de abril de 2014

MEDICINA: Polícia identifica empresa que contratava falsos médicos e médicos sem revalidação


A investigação sobre os falsos médicos que atuavam em hospitais do Norte de Santa Catarina identificou que uma empresa era responsável por recrutar os profissionais irregulares. Os detalhes do inquérito foram divulgados pelo Estúdio SC deste domingo (21). Em janeiro, a reportagem do programa havia denunciado o caso. O dono da organização que fazia a contratação dos falsários teve prisão preventiva decretada e é considerado foragido da Justiça.

De acordo com o inquérito, pelo menos três falsos médicos atuavam em emergências de hospitais no Norte de Santa Catarina. Dois deles foram denunciados em janeiro deste ano. Uma terceira pessoa foi descoberta pela polícia durante as investigações. Apenas uma mulher está presa e confessou detalhes do esquema para os investigadores, segundo a reportagem da RBS TV.

Até agora, a única detida foi Rosimar Barrozo Braga, de 36 anos. Ela foi encontrada no Acre, seu estado natal. Em depoimento, disse que soube da possibilidade de fazer plantões pela empresa e procurou o dono da organização, a quem teria avisado que era formada no exterior, mas não tinha a revalidação do diploma, obrigatória no Brasil. Ela se apropriou do nome do registro de uma médica de Criciúma para poder fazer os atendimentos aos pacientes.

Empresa paranaense
A empresa Med Kos, de Curitiba, foi a responsável pelas contratações. A Justiça expediu um mandado de prisão com o médico Anderson de Rezende, sócio-proprietário e responsável técnico pela empresa. Por e-mail, o advogado dele disse que o cliente jamais sugeriu que fosse praticada qualquer adulteração ou fraude no nome ou no carimbo de identificação profissional. Afirmou ainda que a empresa sempre confiou na documentação, nos currículos e nas referências pessoais apresentadas pelos profissionais contratados.

"Num universo de 25 profissionais, três falsos, mais de 10%, é muito difícil de ser uma coincidência. Então, começamos a investigar o envolvimento da empresa, em paralelo, apurar a identidade dos falsários", explicou o delegado de Papanduva, Gustavo Siqueira.

O delegado disse ainda que vai apurar se houve algum tipo de negligência por parte dos falsos médicos. Um dos casos que será apurado é a morte de um homem de 56 anos. Ele foi atendido por um dos falsos profissionais que atestou o óbito. Uma enfermeira que não quis se identificar acompanhou o atendimento ao paciente.

"Mandou deixar ele em observação e, como a gente já conhecia o paciente bem, de tempo, e a gente falava: 'Doutor, vamos dar uma atenção'. A gente foi chamar muitas vezes para atender e olhar melhor o paciente. Aí ele disse: 'Não vou porque é assim mesmo'. Só colocou oxigênio. Aí, eu disse: 'Doutor, vamos lá e vamos olhar que ele não tá bem'. Daí, a gente tinha que dizer o quê que dava para fazer para ele pedir para fazer. Esse paciente veio a óbito, na verdade, eu acredito também pela falta de experiência do médico", contou.


Pagamentos
A empresa investigada por suspeita de contratar falsos médicos para municípios que terceirizam o serviço recebia entre R$ 600 mil e R$ 1 milhão por ano pelos profissionais que trabalhavam nos plantões. De acordo com as investigações, os falsos profissionais recebiam os pagamentos dos plantões através de cheques nominais. Eles eram os que mais possuíam registro de plantões na empresa.

Um dos cheques foi pago a José Fábio da Costa de Jesus, o nome verdadeiro de um dos falsários. O homem se passava por Eduardo Magrim de Barros, um anestesiologista paranaense. Ele ficou quase um ano usando nome falso e atendeu mais de 500 pacientes.

O que dizem os contratantes
A Prefeitura de Papanduva informou que não trabalha mais com a empresa desde o início do ano e que bloqueou os pagamentos de novembro e dezembro até a Justiça julgar o caso. Já as prefeituras de Irienópolis e Canoinhas comunicaram que devem cancelar o contrato nas próximas semanas.

FONTE: G1

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