Conselho chamou edição da
Medida Provisória que cria o programa de ‘oportunista’
BRASÍLIA. O Conselho
Federal de Medicina (CFM) entrou com uma ação civil pública contra a União para
suspender o programa "Mais Médicos". O Conselho questiona a possibilidade
de trazer médicos formados no exterior sem passar pela revalidação do diploma e
sem a comprovação do domínio da língua portuguesa. O CFM prometeu para os
próximos dias novas ações judiciais atacando outros pontos do programa.
A ação foi proposta na sexta-feira
na Justiça Federal. O CFM pede que, até uma decisão definitiva da Justiça, os
Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) não sejam obrigados a fazer o registro
provisório dos médicos formados no exterior inscritos no Mais Médicos. Para
conseguir o registro, defende o CFM, é preciso comprovar a revalidação do
diploma e apresentar certificado CELPE/BRAS, atestando que os estrangeiros têm
domínio da língua portuguesa. Segundo o CFM, caso isso não seja feita, haverá
riscos à saúde da população.
O CFM entende que a medida
provisória (MP) publicada em 9 de julho instituindo o Mais Médicos é
oportunista, uma vez que "se aproveita do clamor público oriundo das ruas
para editar uma legislação simplesmente populista". Diz ainda que "o
ingresso de médicos estrangeiros no território brasileiro para serem ‘jogados’
nos mais longínquos rincões ou mesmo nas periferias das regiões metropolitanas
sem nenhum controle de sua capacidade técnica é uma atitude, no mínimo,
temerária, para não dizer criminosa”. Aponta, ainda, para o risco de problemas
de comunicação entre pacientes e médicos.
Além do CFM, outras
entidades médicas brasileiras, como a Federação Nacional dos Médicos (Fenam) e
a Associação Médica Brasileira (AMB), fazem forte oposição ao Mais Médicos.
Governo faz mutirão
Ministros e secretários do
governo estão rodando o país num esforço para promover o programa Mais Médicos
e conseguir a adesão dos gestores municipais. Até amanhã, representantes de
três ministérios deverão ter percorrido 11 estados, entre eles São Paulo,
Minas, Rio, Bahia, Rio Grande do Sul, Paraná e Pernambuco. Estão sendo
organizados encontros com prefeitos e secretários municipais de Saúde para
tirar dúvidas.
O ministro da Saúde,
Alexandre Padilha, tem uma agenda de viagens cheia. Na sexta-feira, ele foi a
Salvador. No sábado, estava em Montes Claros, Minas Gerais. Hoje, está previsto
ir ao Pará e ao Maranhão. Amanhã, será a vez do Amazonas. Secretários do
ministério também já foram ao Ceará e a Minas, e devem ir ainda a Pernambuco e
São Paulo.
Balanço do Ministério da
Saúde mostra que, até quinta-feira, havia 13.857 médicos inscritos, sendo que
11.147 se formaram no Brasil e 2.710, no exterior. Por nacionalidade, são
12.701 brasileiros e 1.156, estrangeiros.
FONTE: OGLOBO
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