Diante de um protesto de parte dos estudantes, cerca de 2,5 mil
formandos dos cursos de medicina de São Paulo e quase 500 alunos de outras
regiões que pretendem obter o registro da profissão no Estado realizam neste
domingo o exame do Conselho Regional de Medicina (Cremesp). Mesmo sob a ameaça
de haver retaliação, alunos contrários à forma como o exame é feito protestaram
em frente a um dos locais onde a prova era aplicada na capital paulista, com
cartazes e megafones, incentivando os formandos a marcarem apenas a alternativa
"B" nas 120 questões da prova.
"Não somos contra o exame, mas da forma como ele é feito. Queremos
uma avaliação de qualidade, não é possível classificar um futuro médico em 120
questões teóricas", opinou Rafael Nishida, estudante da Unicamp, de
Campinas, favorável à avaliação periódica dos cursos, que participava do
movimento de boicote.
"Essa prova não foi criada com o intuito de melhorar os cursos, mas
para criar a 'reserva de mercado'. Uma prova de múltipla escolha só favorece o
surgimento de cursinhos, como os que surgiram com o exame da OAB (em referência
ao exame da Ordem dos Advogados do Brasil, voltado aos formandos de
direito)", disse Thiago Morais da Silva, aluno da Universidade de São
Paulo (USP), que também protestava contra o exame.
Entretanto, a possibilidade de ficarem sem o registro profissional fez
com que muitos formandos que se declararam contrários ao exame desistirem de
boicotar a avaliação. Pouco antes do fechamento dos portões onde a prova era
aplicada, integrantes do protesto afirmavam que não era possível afirmar qual
seria a adesão ao boicote, já que "muitos têm medo de não poder exercer a
profissão depois", disse Nishida.
A formando Juliana Azevedo, que pretende atuar na área de dermatologia,
por exemplo, faria o exame mesmo sem concordar com a metodologia da avaliação.
"Uma prova teórica não serve para avaliar uma profissão essencialmente
prática. Só beneficia os 'médicos de papel'", opinou.
Outro lado
O presidente do Cremesp, Renato Azevedo, negou que o órgão tenha
impedido os protestos com a ameaça de não conceder registro profissional aos
alunos que aderirem ao boicote. Ele disse, contudo, que as provas marcadas
apenas com a alternativa "B" serão separadas e, após avaliação da
área jurídica, o conselho decidirá o que será feito com estes formandos,
dependendo da adesão ao boicote. "Tudo
será feito dentro da lei. Eles estão no direito deles de protestarem, mas não
podemos contabilizar essas provas", disse Azevedo. O médico, porém,
rechaçou as críticas à avaliação, e disse que caberia às próprias instituições
de ensino o dever de "avaliarem de forma seriada seus alunos". "Só
com esse exame poderemos avaliar as instituições. Mas elas mesmo deveriam fazer
exames periódicos e reprovar quem não se sai bem. Hoje quem entra em uma escola
de medicina sai médico", afirmou o presidente da Cremesp.
A prova, aplicada desde 2005, passou a ser obrigatória para os
estudantes do 6º ano na edição de 2012, que ocorre neste domingo. Os formandos
não precisam acertar um número mínimo de questões, basta que participem do
exame para obter o registro. O teste é composto de 120 questões objetivas de
múltipla escolha, com cinco alternativas cada, compreendendo nove áreas -
clínica médica, clínica cirúrgica, pediatria, ginecologia, obstetrícia, saúde
mental, saúde pública/epidemiologia, ciências básicas e bioética.
Fonte: terra
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