Resposta a Matéria Preconceituosa.

Jornal do comercio Porto Alegre
Medicina
forma no exterior e quer diploma validado
23/11/2012
Temos greve no maior grupo hospitalar público de Porto
Alegre, erguido por empresário já falecido, e que foi encampado pelo governo
federal há décadas. Pois ser médico, malgrado os problemas atuais da profissão,
com a concentração em grandes cidades e os planos de saúde que intermediam os
profissionais junto aos pacientes, continua a maior aspiração de pais em
milhares de famílias brasileiras. Afinal, o clássico “doutor” mantém uma áurea
e é o curso com mais anos na graduação, além da residência, embora não
obrigatória. Mas, estão distantes os tempos em que os formados em medicina
abriam um consultório na Rua da Praia, tornavam-se conhecidos, criavam clientela
e tinham um padrão de vida superior às outras atividades. Tanto que o Conselho
Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) e o Sindicato Médico do Rio
Grande do Sul (Simers) alertam para a proliferação de faculdades. Protestam
contra a nacionalização de diplomas trazidos do Exterior, principalmente de
Cuba e Bolívia. Para as entidades, estes profissionais, grosso modo, não têm o
preparo que as faculdades nacionais proporcionam e, aí, a qualidade cai, em
detrimento do paciente.
Mas eis que tem gente se formando em Cuba e na Bolívia
e que está conseguindo registrar o diploma, para decepção das entidades de
classe dos médicos. No Brasil, o governo federal decidiu centralizar a prova de
certificação. Nesse caso, para atender a um lobby específico, o das famílias de
jovens que cursaram medicina em Cuba e de partidos da base do governo, que
encabeçavam o sistema de seleção para as vagas na escola de medicina do país de
Fidel Castro, segundo noticiado. Evidentemente que com um viés ideológico que sabemos
qual é, mesmo sem qualquer mestrado ou doutorado.
O Revalida, como é chamada a prova, foi criado em 2010
e é preparado pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Pesquisas Educacionais
(Inep) e aplicado por 38 universidades públicas. A pressão por um processo de
validação de brasileiros formados em medicina no exterior é antiga e começou
com alunos que faziam a faculdade na Bolívia. Lá não é necessário vestibular, e
a mensalidade custa, em média, um oitavo do valor praticado no Brasil.
Calcula-se que cerca de 20 mil brasileiros cursem medicina na Bolívia. O
governo nunca buscou uma solução, até 2005, quando o primeiro grupo de 40
médicos formados em Cuba estava para voltar ao País.
Não havia impedimento para
que fizessem a validação do diploma, mas teriam de passar pelo mesmo sistema
burocrático, caro e incerto de todos os demais que tentam o processo. A solução
só veio cinco anos depois. Porém, o Revalida não se transformou em uma garantia
de autorização para trabalhar no País. Na primeira edição da prova, em 2010,
dos 507 inscritos, apenas dois foram aprovados. No ano passado, foram 677
candidatos e 65 aprovados. A avaliação, com uma prova com 110 questões
objetivas, cinco discursivas e uma parte prática, cobra protocolos básicos de
atendimento, tendo como foco o que é ensinado no Brasil, onde epidemiologia e
doenças tropicais têm um peso forte. Vamos cuidar, ou aceitaremos cursos de
medicina pela internet.
Fonte: Jornal do comercio Porto Alegre, Notícia da edição impressa
ResponderExcluirhttp://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=P2012N30971