sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Médicos Brasileiros formados no exterior são ignorados

Por: Edésio Adorno 
Blog do Romilson / Colunistas / Edésio Adorno




Enem 2017 teve 7.6 milhões de inscritos, desse universo, apenas 4.7 milhões de provas foram corrigidas. Essa legião de estudantes disputou 239 mil vagas no ensino superior público. Desse total, quase 500 mil estudantes disputaram 4.682 disponíveis para o curso de medicina em todo o país, segundo dados disponibilizados pelo SISU.

Nas universidades privadas, mesmo que os aspirantes a médicos tenham condições de desembolsar algo em torno de meio milhão de reais ao longo de seis anos, não há vagas para tantos candidatos.

Não há vagas para quem pretende cursar medicina. Faltam universidades para formação de médicos. Essa realidade mórbida causa morte e riqueza ao mesmo tempo. Mudança pressupõe preservação da vida e redução do faturamento das organizações mafiosas que monopolizam o mercado da doença e escolhe quem e quando deve morrer.

Entre os 495 mil jovens alijados dos centros de ensino médico do país, alguns milhares zarpam para o Chile, Itália, Paraguai, Bolívia, Uruguai, Cuba, Rússia e Argentina em busca da realização de um sonho e da qualificação da vocação de salvar vidas.

Depois de seis anos de quase exílio no exterior, longe da família, de amigos e do conforto do lar, esses brasileiros fora de sua pátria, depois de submetidos a rigoroso processo de avaliação, recebem o canudo, retornam ao Brasil como médicos e não podem exercer a profissão. É preciso se submeter ao desgastante e penoso processo de revalidação do diploma. Esse é o jogo.

“Justiça aos nossos jovens médicos!”
A questão é que o jogo precisa ter regras. A UFMT é habilitada para fazer a revalidação de diploma. Em 2016 publicou um edital estabelecendo as regras do jogo. Durante o processo, as regras foram alteradas ao bel prazer da instituição. Os médicos não aprovados na primeira fase, deveriam fazer complementação de ensino.

O problema é que depois da complementação, foram submetidos a uma prova de avaliação preparada com o propósito de barrar o acesso desses profissionais ao mercado de trabalho. Quem recorre à Justiça para fazer valer seus direitos colhe amarga e dolorosa decepção. O jogo dos conselhos de medicina, liderados pelo CREMESP/SP, é bruto. 

A UNEMAT precisa se habilitar para fazer a revalidação dos diplomas dos brasileiros formados no exterior. Esses profissionais gastaram todas as suas economias. Estão empobrecidos com o diploma debaixo do braço e impossibilitados de ajudar salvar vidas. Os deputados estaduais e federais precisam enxergar essa realidade e ajudar a esses brasileiros desamparados.

O governo federal estuda receber médicos venezuelanos. A proposta, segundo disse o ministro da Justiça, é oferecer jaleco branco, reconhecer seus diplomas, garantir emprego no Mais Médico e salário a todos. Ótimo! Acolher nossos irmãos da Venezuela é uma questão de Justiça e de solidariedade.

Ignorar a situação dos brasileiros formados no exterior, deixá-los expostos a política de reserva de mercado dos conselhos de medicina e suscetíveis ao rigor das instituições que fazem a revalidação de diplomas, é tratar com desprezo e de forma desigual justamente os filhos da pátria.

Sim aos médicos venezuelanos, mas muito mais sim aos médicos brasileiros formados no exterior. Um país que não cuida de seus filhos, faz demagogia quando abraça filhos alheios. Justiça aos nossos jovens médicos!

Edésio Adorno é advogado em MT e escreve exclusivamente para este Blog toda sexta-feira. E-mail: edesioadorno@gmail.com

LINK DA MATÉRIA: rdnews.com.br

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