O programa agora poderá
sofrer ajustes, permitindo que o estágio obrigatório na rede pública conte como
tempo de residência médica, em vez dos dois anos a mais na graduação.
O Governo Federal admitiu,
nesta quarta-feira (24), que poderá rever a proposta que torna mais longo o
curso de medicina. O programa “Mais Médicos”, lançado por meio de uma medida
provisória, prevê que os estudantes devem prestar dois anos de serviços extras
aos SUS.
Associações de médicos e
faculdades criticaram a proposta. Nesta quarta-feira (24), os ministros da
saúde, Alexandre Padilha, e da educação, Aloízio Mercadante, discutiram o
assunto, durante uma reunião com o Conselho Nacional de Educação. O programa
agora poderá sofrer ajustes, permitindo que o estágio obrigatório na rede
pública conte como tempo de residência médica, em vez dos dois anos a mais na
graduação.
Comissão propõe que dois
anos no SUS virem residência, diz ministro
Programa Mais Médicos
previa incorporar os 2 anos aos 6 de graduação.
Comissão de especialistas
é coordenada pelo ex-ministro Adib Jatene.
O ministro da Educação,
Aloizio Mercadante, disse nesta quarta-feira (24) que a comissão de
especialistas que avalia o programa Mais Médicos propôs que os dois anos nos
quais os estudantes de medicina teriam de trabalhar no Sistema Único de Saúde
(SUS) – conforme prevê o programa –, sirvam como residência médica e não como
parte da graduação.
Atualmente, os dois anos
de residência médica servem como especialização, mas não são obrigatórios para
a conclusão da graduação em medicina (de seis anos).
Ao ser lançado, o programa
previa incorporar ao período de graduação (a partir de 2015) os dois anos nos
quais o estudante prestaria serviço em unidades públicas de saúde. Sem concluir
os oito anos, não conseguiria se formar. Entidades médicas são contra a
ampliação do período de graduação em medicina.
“Em vez de serem dois anos
adicionais de graduação, a recomendação deles [da comissão] é que fossem dois
anos de residência médica”, explicou o ministro.
O ministro evitou comentar
qual é a posição do governo em relação à proposta dos especialistas, mas lembrou
que a medida provisória que instituiu o Mais Médicos também prevê a
possibilidade de o período extra de dois anos ser vinculado à residência.
A comissão de
especialistas é coordenada pelo ex-ministro da Saúde Adib Jatene, tem o
objetivo de “amadurecer” e “aperfeiçoar” a MP, de acordo com Mercadante.
O programa Mais Médicos
tem o objetivo de aumentar o número de médicos na rede pública de saúde em
regiões carentes. A medida provisória
que criou o programa também institui a abertura de 11.447 vagas em faculdades
de medicina até 2017. De acordo com a MP, os dois anos adicionais na grade
curricular seriam voltados para atenção básica (1º ano) e setores de urgência e
emergência (2º ano).
A proposta dos
especialistas, afirmou Mercadante, atenderia à expectativa de alguns estudantes
de medicina, uma vez que nem todos têm acesso à residência. “Nós ofertaríamos
todas as residências e eles teriam os dois anos complementares como
residência”, disse Mercadante.
Segundo a assessoria de
imprensa do MEC, a comissão deve apresentar a proposta formalizada no final
desta semana.
Mercadante deu entrevista
após apresentar o Mais Médicos, ao lado do ministro da Saúde, Alexandre
Padilha, ao Conselho Nacional de Educação, em Brasília.
“Há detalhes complexos,
técnicos, que precisam ser discutidos”, disse. “Todo o projeto pedagógico que
estamos construindo para o cursos de medicina é o SUS, é formar recursos
humanos a partir da experiência do SUS”.
O ministro Padilha disse
que a proposta da comissão está em "consonância" com o que o governo
federal enviou ao Congresso e pode render um "bom debate".
“Nossos dois grandes
objetivos eram, primeiro, estabelecer residência médica universal e, segundo,
ampliar durante a formação o período no qual o médico fica na atenção básica
acompanhando os mesmos pacientes”, afirmou o ministro da saúde.
Segurança jurídica
Alexandre Padilha disse
que o governo está “muito seguro” sobre a legalidade da medida provisória que
institui o Mais Médicos.
A Federação Nacional dos
Médicos (Fenam) protocolou nesta terça-feira (23) uma ação civil pública na
Justiça Federal pedindo a suspensão do programa.
“Não só o Ministério da
Saúde, mas a AGU (Advocacia-Geral da União) e o MEC (Ministério da Educação)
estamos muito seguros da peça jurídica da medida provisória”, afirmou o
ministro.
De acordo com ele, faltam
médicos nas unidades básicas de saúde, “por isso a urgência da medida
provisória”.
“Teremos o prazo para
responder e para explicar ao Supremo Tribunal Federal, para os órgãos do
judiciário, a urgência de levarmos médicos para perto da população”, declarou
Padilha.
Fonte: oglobo
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentários que contenham termos vulgares e palavrões, ofensas, dados pessoais (e-mail, telefone, RG etc.) e links externos, ou que sejam ininteligíveis, serão excluídos. Erros de português não impedirão a publicação de um comentário.