Após 82 dias de greve, estudantes do curso de medicina
da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) anunciaram nesta quinta-feira
(6) o fim da paralisação e fizeram um pedido de fechamento do curso devido à
falta de estrutura. A decisão pelo fim do movimento foi definida em assembleia
na terça-feira (4) e um documento deve ser entregue à reitoria cobrando
providências. Agreve teve início devido à falta de médicos preceptores, para
orientação dos alunos nos postos de saúde. A assessoria de imprensa da UFSCar
informou que nenhuma declaração oficial foi entregue e que a universidade não
vai se pronunciar.
A paralisação foi finalizada mesmo sem a contratação
dos preceptores, prevista em concurso criado pela Prefeitura. Os alunos
reclamam da falta de incentivo dado aos médicos para se inscreverem. “Só três
interessados se cadastraram no concurso porque o que é pago não é atrativo”, afirmou
a estudante Paula Tiemi Fujioka, uma das integrantes do movimento. O concurso
foi lançado após aprovação de uma lei.
Segundo nota enviada pelos estudantes do 1º ao 4º ano,
as condições do contrato deixam a desejar. “São precárias e vexatórias e o resultado
é que quase nenhum médico da cidade de São Carlos aceita ser preceptor do curso
de medicina da UFSCar porque esse emprego lhes paga aproximadamente R$ 19 com
os descontos”, manifestaram-se os alunos. Procurada, a Prefeitura não comentou
o assunto.
Outros problemas
No documento os alunos apresentam também outros
problemas do curso. “Estamos hoje sem Hospital Escola, sem prédios e
laboratórios, que estão atrasados há anos, numa política que não pode se dar ao
luxo de planejar e garantir uma estrutura antes de abrir um curso”, dizem os
estudantes.
“Diante de tudo isso e já que a universidade não
oferece o que precisa, mesmo depois de duas reuniões em Brasília, esperamos que
tenham definitivamente uma solução do problema ou que fechem o curso”, afirmou
a estudante Paula, que está no 3º ano.
No documento que será entregue à reitoria, os
estudantes dizem que não querem ser “coniventes com a negligência da formação
de novos médicos no Brasil”. “Os alunos pedem que o curso seja fechado para
evitar que outros estudantes entrem numa estrutura que não é compatível com o
ensino da medicina”, afirmam.
Movimento
Em greve desde 15 de março, os alunos paralisaram todas
as atividades no curso de medicina, já que 77% da carga horária eram tomadas
por práticas profissionais que passavam por impasse entre a Prefeitura e a
reitoria.
FONTE: GLOBO.COM
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