
Em junho de 2011 foi
publicado um artigo de minha autoria neste jornal. Intitulado "Greve de
médicos em Goiânia, revalidação de diplomas médicos e o novo projeto piloto de
revalidas brasileiro". Naquela ocasião dissertávamos sobre o início e as
características do projeto interministerial de revalidação, denominado Projeto
Piloto, sobre a greve dos profissionais de saúde de Goiás e os milhares de
brasileiros que estudam no exterior e são execrados quando tentam a legalização
de sua profissão no Brasil. Comicidade à parte fica difícil dar outro título a
este novo artigo, pois os problemas e a temática é atual só que agora com um
ministro da saúde e a OMS (Organização Mundial de Saúde) munidos de novos dados
e demonstrativos totalmente diferentes do que sempre foi pregado pelo CFM
(Conselho Federal de Medicina). Por muitos anos foi consolidado pela classe que
o Brasil teria muitos médicos. O próprio Ministro da Saúde, Alexandre Padilha,
também médico de formação, foi ao Senado Federal em abril de 2013 dizer que
"Não é Verdade".
Segundo os novos dados da
OMS, o Brasil tem apenas 1,8 médicos para cada Mil Habitantes. Para efeitos de
comparação, a Argentina possui 3,2/1000 hab., Uruguai 3,7/1000 hab., Espanha
4,0/1000 hab., Cuba 6,7/1000 hab. e por ai vai. Além da pouca quantidade de
profissionais ainda citamos a desigualdade. Brasília possui hoje quatro médicos
por 1000 hab., enquanto no maranhão é 0,8/1000 hab. Esses dados foram
corroborados pelo próprio CFM. Com o mercado "super aquecido", o CFM
não se calou, mobilizou toda sua classe de pensantes e botou o
"Carro" nas ruas. Em todos os estados da nação mobilizaram principalmente
estudantes de medicina para gritar pelo "Revalida". Isso me faz
lembrar Chico Buarque de Holanda e sua famosa "Gení". Antes o que era
renegado, malfadado e excluído projeto de "Revalida" agora é aclamado
por todos. Creio piamente que o profissional que trabalha com vidas tem que ser
muito bem remunerado. O que não dá é ver todo esse corporativismo cego pregando
inverdades e formando massas de manobra para fortalecer sua categoria enquanto
o povo se omite e acha justo a reinvindicação de uma classe forte e formadora de
opinião. Voltando aos dados atuais da OMS, encontramos que, ¼ dos médicos dos
EUA vieram de fora da nação. Na Inglaterra 37% dos médicos formaram em outros
países e no Brasil apenas 1,8%. Para findar este artigo, transcrevo o mesmo
final de 2011 para assim vermos o quanto é cíclico e iguais os problemas da
Saúde no Brasil.
"Entendemos o
sofrimento e o ritmo frenético e estressante de um médico que trabalha para o
sistema público de saúde. Este profissional realmente tem que ser valorizado,
pois atualmente trabalha sem condições necessárias e às vezes se desdobrando
por três para amenizar o sofrimento de uma população cada vez mais necessitada
de saúde pública. Na outra vertente esta o "Estado" que muitas vezes
quer ser dinâmico e resolver a situação rapidamente mas devido aos grandes
salários ofertados aos bons profissionais médicos pelo sistema particular de
saúde, não consegue a equiparação salarial almejada o que resulta na
desistência destes médicos do serviço publico de saúde. É notório que há princípios
de "oferta e procura" que impedem o melhor funcionamento deste
sistema público. Como também a falta de profissionais médicos no Brasil e que
as suas "Associações e Conselhos" num paradoxo iludido defendem cada
vez mais o "peneiramento" de novos profissionais. Um sistema mais
humano e legal de Reválidas de profissionais Brasileiros formados no exterior
poderia ser uma solução para nosso momento caótico. Teríamos mais profissionais
competentes que em busca de um sonho abandonaram seu país, família e tradições.
As dificuldades são enormes e só os mais determinados conseguem a glória de seu
diploma. Se a tendência mundial é a globalização a procrastinação Brasileira é
fato, mas antes que jogue o meu último "óbolo" à "caronte",
creio que veremos estes profissionais reconhecidos por seus méritos quase
heroicos."
(Murilo Falone Rocha,
diretor MSV Assessoria Educacional Internacional e Acadêmico de Direito Esup)
FONTE: DM.COM.BR
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