sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Prefeituras enfrentam dificuldades para aderir ao Mais Médicos

No Piauí algumas das dificuldades de muitas prefeituras é aderir ao programa


Os profissionais formados no Brasil contratados pelo programa Mais Médicos começaram a chegar aos locais de trabalho, nesta semana. A repórter Neyara Pinheiro viajou pelo interior do Piauí e mostra algumas das dificuldades de muitas prefeituras para aderir ao programa.


Prata do Piauí é uma pequena cidade de três mil habitantes, na região norte do estado. O município passou quase um ano tentando contratar  médicos para atender a população. Conseguiu, mas não para todos os dias.
No dia da visita, por exemplo, não há médico na cidade e na ausência dele o enfermeiro do programa Saúde da Família muitas vezes, se vê obrigado a assumir a função. “A gente termina fazendo um pouco além, pela própria questão da necessidade e humanidade com o paciente", explica o enfermeiro Ubiratan Gonçalves.
Situação parecida vive a  cidade de Amarante, na mesma região. Os médicos que recebem em média R$ 5,4 mil não ficam todos os dias. "Nós não conseguimos manter a semana toda o médico. Ele quer trabalhar dois dias, três dias no máximo", afirma Ítalo Queiroz, sec. de Saúde de Amarante.
O médico diz que o salário é reduzido. “O mínimo que o médico deve receber é em torno de R$ 16 a R$ 17 mil para que se fixe o médico aqui”, afirma Rodrigo Lima.
A cidade pediu quatro profissionais do programa Mais Médicos. Conseguiu um e o prefeito resolveu parar por aí por causa dos custos. "Tem a moradia, alimentação que ficam por conta do município e mais os encargos sociais também e isso vai acarretar em uma despesa enorme para o município", justifica o prefeito Luiz Neto Alves.
A cidade de Alto Longá, no norte do estado, também conseguiu um médico, mas o prefeito desistiu. “Vem mais um médico e eu vou ter que demitir outro,  porque os recursos que eu tenho aqui só dão para pagar as equipes que estão aqui”, explica o prefeito Flavio Soares.
Outra preocupação dos prefeitos é a diferença salarial entre os médicos. “Com a chegada do Mais Médicos corre o risco de alguns médicos do PSF que ganham menos pedirem a conta e aderirem ao programa Mais Médicos, que é R$ 10 mil, no caso, quase o dobro, do que se ganha hoje, no PSF aqui da cidade", destaca o prefeito de Amarante.
Na primeira etapa do programa, apenas 23 municípios dos 161 que se inscreveram no Piauí vão receber médicos. Mas a expectativa de quem precisa de atendimento é grande. “Eu não sei é como é que eu vou entender essa consulta com o cubano, mas eu quero que venha", diz a aposentada Ilda Silva.
O Ministério da Saúde declarou que o edital do programa Mais Médicos  prevê a divisão de custos entre o Governo Federal e os municípios. E que além de pagar os salários dos médicos, o ministério se responsabiliza pelo deslocamento deles e fornece também um auxílio para a instalação na cidade. Até agora, segundo o Ministério da Saúde, nenhum município formalizou a desistência do programa.

FONTE: GLOBO.COM

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