quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Mais Médicos: Outros 10 médicos cubanos pedem ajuda para AMB

AMB diz que recebeu pedidos de ajuda de mais de 10 médicos cubanos.


Associação lançou programa para ajudar médicos estrangeiros 'insatisfeitos'.
Entidade oferecerá cursos e assessoria jurídica para pedido de asilo.

Mais de 10 médicos cubanos contataram a Associação Médica Brasileira (AMB) para relatar situações semelhantes às descritas pela médica cubana Ramona Rodriguez, que abandonou na semana passada seu posto no Mais Médicos em Pacajá, interior do Pará. A informação é do presidente da entidade, Florentino Cardoso.

Em coletiva de imprensa realizada na tarde desta quinta-feira (13) na sede da entidade, ele afirmou que, a pedido dos próprios médicos, não poderia divulgar os nomes nem as cidades onde eles atuam. “Já conversamos pessoalmente com alguns e, com outros, por telefone”, disse. “Eles se sentem enganados em relação ao que estão recebendo, vendo que os outros recebem remuneração diferente. Além disso, é notória a vontade deles de se libertar de um regime em que as pessoas não têm liberdade.”

A AMB lançou nesta quinta-feira um programa de apoio ao médico estrangeiro, com o qual a entidade se compromete a oferecer apoio para profissionais estrangeiros que atuam no Mais Médicos e que estejam insatisfeitos. O programa promete assessoria jurídica para pedido de asilo no país, cursos de capacitação para preparar os bolsistas para o Revalida (exame que garante a revalidação do diploma de medicina estrangeiro no Brasil) e ajuda para conseguir emprego e moradia no período em que o estrangeiro estiver se preparando para o exame.

'Trabalho análogo à escravidão'
“O governo brasileiro está patrocinando no nosso país um trabalho análogo à escravidão, e contribuindo ou fechando os olhos para cerceamento da liberdade de ir e vir e de comunicação”, disse Cardoso na coletiva de imprensa, durante a qual ele afirmou que a entidade “não está fazendo política partidária”.

Segundo Cardoso, o programa lançado pela AMB é inspirado em uma iniciativa semelhante que existe nos Estados Unidos. “Há, neste momento, um programa sólido e intenso nos Estados Unidos ajudando as pessoas a desertarem quando querem sair dessa coisa relacionada ao governo cubano. Aconteceu isso com um médico que estava no Mais Médicos, que saiu do programa e foi ajudado por essa instituição.”

Cardoso disse que a AMB capacitará os estrangeiros para o Revalida por meio do ensino à distância. "Vamos fazer algo tutorial à distância, através da internet." Segundo ele, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) já se comprometeu a fornecer o material pedagógico ligado à especialidade e outras sociedades médicas devem fazer o mesmo. Quanto ao ensino de português, ainda não existe um curso estruturado.

O presidente da entidade acrescentou que, com o lançamento do programa, a AMB se compromete a ajudar os médicos estrangeiros insatisfeitos a conseguir emprego no Brasil enquanto se preparam para o Revalida. "Vamos tentar ajudá-los a se manter no país exercendo alguma atividade laboral remunerada legalmente", disse.

Questionado sobre a estrutura da associação para oferecer esse tipo de auxílio, caso a demanda se estenda a centenas ou milhares de bolsistas estrangeiros, Cardoso afirmou que a AMB tem estrutura para atender "quantos aparecerem". "Existe um compromisso de que nós vamos ajudar a todos."

Segundo ele, a AMB foi contatada por "pessoas e entidades" dispostas a contribuir com o programa de apoio aos médicos desertores. "O povo brasileiro é um povo muito bom, muito solidário, que ajuda. Nós já temos várias manifestações de gente querendo ajudar, dando estrutura para moradia e até recursos financeiros", disse Cardoso.

Asilo
Esta semana, a entidade já tinha anunciado o oferecimento de um emprego a Ramona Rodriguez. Ela foi contratada para exercer funções administrativas de assessoria às diretorias da instituição e à presidência da entidade. O salário da médica será de R$ 3 mil por mês, além de vale-refeição, vale-transporte e plano de saúde – no total, a cubana deve receber em torno de R$ 4 mil.

De acordo com a AMB, Ramona atuará no escritório da instituição em Brasília. Ela está em Brasília desde 1º de fevereiro e disse que deixou o programa por não concordar que os médicos vindos de Cuba recebam US$ 400 (aproximadamente R$ 960) enquanto profissionais de outros países participantes do programa têm salário de R$ 10 mil por mês. A remuneração dos cubanos é feita pelo governo de Cuba, por meio de um acordo com a Organização Panamericana de Saúde (Opas), para a qual o Brasil repassa o dinheiro da contratação dos médicos.

Segundo Cardoso, Ramona relatou que, em Pacajá, não podia ir a nenhum outro lugar que não fosse o trabalho ou sua casa sem notificar um supervisor que ficava em Belém, apesar de isso não estar previsto no contrato que assinou. Ele afirma que a médica não poderia nem visitar a casa de um paciente que a convidasse para um almoço, por exemplo.

De acordo com a AMB, Ramona tem autorização temporária para permanecer no país, enquanto aguarda a resposta ao pedido de assino. “Quando eles saem do programa, perdem o vínculo, daí porque precisam pedir asilo. A maioria – e isso aconteceu com Ramona – recebe uma carteira como se fosse de identidade, e lá a permanência ainda está temporária, até ter o julgamento sobre se vai receber o asilo ou não”.

FONTE: G1


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