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Dez mil reais é a quantia
que Diego Marques Fontes Muritiba, 27, terá de pagar pela tradução juramentada
de documentos e cópias que comprovam a graduação em medicina na Rússia.
O brasileiro tem um dossiê
de 53 páginas que detalha, de maneira minuciosa, o conteúdo curricular do curso
de seis anos na Academia Médica de Moscou Sechenov, em que se formou no
primeiro semestre de 2012. É com esse dossiê que pretende garantir seu direito
à revalidação do diploma no país.
Estudante brasileiro
cursou medicina na Academia Médica de Moscou Sechenov.
Há duas formas de
revalidar no Brasil o diploma de medicina obtido em instituição de ensino
superior estrangeira. Uma delas é pelo Revalida, exame que pede inicialmente
uma cópia do diploma emitido pela universidade estrangeira e mais a aprovação
em provas teóricas e práticas que são realizadas em duas fases.
A checagem da documentação
ocorre só depois e a tradução, dispensada para diplomas emitidos em países de
língua espanhola, é exigida para outros idiomas. No caso de Muritiba, é em
russo, o que torna a tradução mais cara do que as demais.
O segundo processo para
revalidar o diploma médico é por meio de 38 universidades federais. A
revalidação ocorre também em duas etapas, além do envio de tradução juramentada
de documentos, entre outros requerimentos que variam de acordo com a
instituição escolhida.
Gastos elevados
Muritiba tentará o
Revalida neste ano, mas não vai depositar todas as suas esperanças no exame.
Paralelamente, pedirá o reconhecimento do diploma de médico nas universidades
federais.
Casado com uma russa, que
migrou com ele para o Brasil, Muritiba não tem o registro profissional que o
permite trabalhar como médico no Brasil porque seu diploma precisa ser
reconhecido primeiro. Esse é o mesmo cenário em que muitos outros brasileiros
vivem por terem se formado em medicina em universidade estrangeira.
Desde que voltou ao país,
logo após a formatura em 2012, Muritiba passa os dias estudando. Diariamente,
dedica de oito a dez horas para os livros e frequenta um cursinho de residência
como meio de se preparar para o Revalida.
As taxas de inscrição do
exame custam R$ 100 (1° fase) e R$ 300 (2° fase). Já nas universidades
federais, o valor é bem superior. Desembolsa-se aproximadamente R$ 1.000 para
um único processo de revalidação de diploma (R$ 400 na 1° fase e, se passar,
mais R$ 600 na 2° fase). Muritiba se inscreverá em pelo menos três instituições
de ensino.
Os gastos não se limitam
às inscrições. Morador em São Paulo e com provas em outros Estados, terá ainda
de arcar com transporte e pernoite nas cidades onde as provas são marcadas.
Bolsa de estudos
Em 2005, Muritiba morava
na cidade de Salvador. Naquele ano, tentou o vestibular para medicina na UFBA
(Universidade Federal da Bahia) e não passou.
Já considerava prestar em
instituição paga, mas, para sua surpresa, foi selecionado para a bolsa de
estudos na Rússia, país onde o termômetro pode chegar a -30°C. A bolsa cobriria
os cerca de US$ 3 mil anuais do curso, mais US$ 1.500 mensais para moradia.
Antes de iniciar a
graduação, ele passou por um período de preparação. Teve aulas de biologia e
química e estudou russo durante um ano. "Hoje há universidades com a opção
de se estudar em inglês, mas na minha época não tinha isso."
Para ele, as provas do Revalida
levam muito em conta o SUS (Sistema Unificado de Saúde). "O meu problema
atual é traduzir o aprendizado na Rússia para as diretrizes brasileiras. Mas
tenho total confiança na "bagagem" que trouxe da Rússia. Acredito que
vou passar", diz.
FONTE: UOL NOTICIAS
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