A presidenta da República,
Dilma Rousseff, demonstrou ser favorável à reivindicação da Frente Nacional de
Prefeitos (FNP) por mais médicos no Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo ela,
“vale a briga” para trazer esses profissionais do exterior, conforme sugere a
entidade. “O benefício para a população vale essa discussão”, afirmou ela, que
discursou na cerimônia de abertura do II Encontro dos Municípios com o
Desenvolvimento Sustentável – Desafios dos novos governantes locais, na noite
desta terça-feira, no Centro de Eventos Brasil 21, em Brasília.
No começo deste ano, a FNP
liderou a campanha “Cadê o Médico?”, com o objetivo de chamar a atenção para os
problemas enfrentados pela população brasileira em função da falta de médicos
na rede pública de saúde. A proposta é a adoção das medidas imediatas e
emergenciais que viabilizem a contratação de médicos formados no exterior.
Atualmente o Brasil tem 1,8 médicos por mil habitantes quando a média razoável
é de 2,7 médicos por mil habitantes.
Essa disposição de atender
o pleito dos prefeitos, destacou a presidenta, deve ser considerada como parte
de uma ação maior na área da saúde, que inclui a melhoria da formação do
médico, das estruturas de atendimento e da qualidade do acolhimento aos
pacientes.
Dilma Rousseff convidou os
gestores locais a trabalharem rápido e a cumprirem prazos. “Tem que virar
obsessão”, disse ela, que defendeu a gestão eficiente para o desenvolvimento da
nação. “Isso tem que ser um esforço de cada um de nós. Construir um Estado ágil
beneficia 190 milhões de habitantes, a maior riqueza do nosso país.”
A presidenta se
comprometeu a se esforçar para atender parte das demandas dos municípios e confirmou o empenho do Governo Federal pelo
desenvolvimento sustentável local. “Não é possível construir o novo e
desconstruir o meio ambiente. Sustentabilidade caminha com inclusão social,
produtiva e cidadã”, afirmou.
Reconhecimento – A
presidenta ressaltou a trajetória do ex-prefeito de Vitória (ES) e presidente
da FNP, João Coser, que encerrará seu mandato na manhã de quinta-feira, 25 de
abril. Dilma o chamou de amigo, “com tradição de lutas na organização sindical
e na criação da Central Única de Trabalhadores (CUT), além da dedicação à
prefeitura de Vitória ”.
Por Fernanda Odilla
BRASÍLIA, DF, 23 de abril (Folhapress) - Diante de uma plateia de prefeitos repleta de pleitos, entre eles a contratação de médicos estrangeiros, a presidente Dilma Rousseff declarou na noite de hoje ser a favor de comprar a briga e "importar" os profissionais para a rede pública.
Segundo a presidente, há várias formas de espalhar médicos, em especial, pelo interior do Brasil, onde há carência maior de profissionais.
Uma delas, explica Dilma, é a redistribuição. "Você não aumenta, você redistribui. Tiramos o médico que acabou de formar, incentivamos a prestar serviço no interior do país e colocamos nas regiões mais necessárias". A outra, segundo a própria presidente, é trazer "médicos de fora".
A proposta de importar médicos, contudo, não é consenso. "Não podemos fingir que não tem resistência. Tem resistência, temos que ver se o beneficio vale a briga. Tenho que dizer que o benefício vale essa disputa e discussão", disse a presidente.
As entidades médicas no Brasil têm opinião contrária e criticam duramente a ideia de flexibilizar a entrada dos diplomas internacionais. Para o CFM (Conselho Federal de Medicina), o problema é a má distribuição de médicos.
Contudo, o Ministério da Saúde calcula um déficit de 160 mil médicos, que será suprimido apenas em 2035 se mantida a presente situação. Dilma disse que a relação do número de médicos para a população brasileira "deixa a desejar quando comparados com indicadores de países avançados".
Outros pleitos
O governo federal já estuda uma forma de facilitar a atuação de médicos estrangeiros e de brasileiros formados no exterior na rede pública de saúde. Atualmente, esse ingresso é feito principalmente pelo Revalida, exame tido como difícil e com alta taxa de reprovação.
Os prefeitos, contudo, pressionam a presidente para autorizar a contratação dos estrangeiros. Hoje, o presidente da Frente Nacional de Prefeitos, João Coser, fez outras cobranças explícitas à presidente.
Além de importar os médicos, os prefeitos pediram, por exemplo, mais verbas para saúde, desonerações tributárias para o setor de transporte público, renegociação da dívida. "Como agradeci, agora tenho o direito de cobrar", disse Coser.
Para Coser, se as três esferas do Executivo acabarem com impostos sobre o transporte público, é possível baixar em até 25% o preço das tarifas. Ainda segundo ele, se não forem alterados os cálculos da dívida, o saldo devedor dos municípios serão "impagáveis". Lembrou ainda que muitos prefeitos recusam verbas federais para construir creches e UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) porque não conseguem custear.
Dilma, contudo, afirmou que "não tem a menor condição de atender tudo que o Coser pediu". Mas a presidente prometeu atender o máximo possível. "A pauta mostra a necessidade desse diálogo entre nós. Sei que tem o momento de elogio e o de reivindicação. Isso faz parte da regra do jogo. Podemos caminhar para algum entendimento, o que vai ser atendido e o que não faz atendido. O diálogo começa, mas não termina hoje", disse a presidente.
Dilma pediu aos prefeitos compromisso para melhorar a gestão pública.
FONTE: frentenacionaldosprefeitos
Prezados,
ResponderExcluiro aumento no número absoluto de médicos no Brasil, por si só, não resolve o problema da Saúde. Vejamos os motivos:
1- a concentração de médicos nos grandes centros se dá por que as condições de trabalho no interior são ruims. A despeito de, aqui e acolá, salários astronômicos serem oferecidos, a maioria dos ordenados é inferior ao das grandes cidades, e os serviços de saúde são subdesenvolvidos, sucateados do ponto de vista material.
2- O SUS vem sendo subfinanciado cronicamente há muitos anos. Este ano, inclusive, a presidenta DIMINUIU o orçamento para a Saúde. Salários ruins, má gestão, subfinanciamento... e a lista de problemas é grande. Trazer médicos de fora, mantendo-se a mesma máquina pública, só vai ampliar o problema.
3 - A população precisa de um médico que tenha condições de trabalho e de carreira dignas. Oportunidade para se reciclar, etc. Isto inclui um bom salário, plano de carreira e aposentadoria, e fornecimento de atualização. Isto custa dinheiro, mas aparentemente o governo está numa tentativa de desmoralização da imagem do médico. Subfinancia-se o sistema, para justificar a entrada de profissionais de formação duvidosa no país. Médicos pobres para os pobres.