"A medicina
não avançou nada, as pessoas continuam morrendo das mesmas doenças há séculos.
Só quatro remédios novos foram descobertos em todo o mundo neste milênio."
Soa estranha a
afirmação acima?
Elas, as pessoas e
as doenças, parecem ter sido esquecidas ou negligenciadas pelos fabricantes de
medicamentos, laboratórios de pesquisas, cientistas e autoridades de saúde.
O resultado é que
milhões de pessoas morrem todos os anos com doenças como malária, tuberculose,
leishmaniose, doença de Chagas, hanseníase e doença do sono, apenas para citar
as mais conhecidas, que afetam 1 bilhão de pessoas em 149 países, segundo a
OMS.
Remédios velhos
As organizações
Médicos sem Fronteiras e Iniciativa Remédios para Doenças Negligenciadas
apresentaram em Nova Iorque um novo levantamento sobre a saúde global na última
década, que não deixa margem a dúvidas sobre o impacto das doenças
negligenciadas, sobretudo as chamadas doenças tropicais.
Saiba mais
Entre 2000 e 2011,
apenas 3,8% das drogas aprovadas são destinadas às doenças tropicais.
Mas mesmo esse
número esconde uma realidade ainda mais contundente: a maior parte desses
medicamentos aprovados não são drogas recém-descobertas, mas reformulações de
drogas já existentes e adaptações de remédios voltados para outras doenças, que
passaram a ser indicados para as doenças negligenciadas.
"Nossos
pacientes ainda estão à espera de avanços científicos reais," disse o Dr.
Unni Karunakara, da organização Médicos sem Fronteiras.
No final, apenas
quatro dos medicamentos realmente novos aprovados neste período são voltados para
as doenças negligenciadas.
Estagnação
científica
"Nós temos que
perguntar a nós mesmos, quanto progresso nós realmente fizemos na última década,"
continuou o Dr. Karunakara.
"As pessoas
continuam morrendo de doenças arcaicas. Médicos e enfermeiros estão algemados
pelas deficiências dos remédios disponíveis, forçados a tratar seus pacientes
com remédios frequentemente brutais, de décadas atrás.
"Enquanto
estamos aqui falando, há pacientes resistentes aos medicamentos da tuberculose
que enfrentam dois anos de tratamento absolutamente horrível, com náuseas e
dor, depressão, isolamento social, perda de audição e até psicose, e este são
apenas alguns poucos efeitos colaterais que eles podem ter enquanto tomam estes
medicamentos," desabafou Karunakara.
Doenças e doentes esquecidos
Segundo o estudo,
três dos quatro novos medicamentos aprovados para doenças negligenciadas na
última década são para malária, e nenhum para tuberculose e nem para as 17
doenças tropicais negligenciadas definidas pela Organização Mundial da Saúde.
E a situação não deve melhorar a curto prazo.
Dentre os 150.000
testes clínicos registrados em Dezembro de 2011, atualmente em andamento,
apenas 1,4% é voltado para essas doenças e seus doentes esquecidos.
Fonte: Diário da Saúde
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