Apesar de apresentar
restrições ao modelo de prova adotado no Estado de São Paulo para avaliar os
futuros médicos, o Conselho Federal de Medicina (CRM) é favorável a aplicação
de uma avaliação nacional dos estudantes. No entanto, para o conselho, isso
deve vir aliado a uma punição para as instituções de ensino que não
apresentarem um desempenho satisfatório na prova.
"A qualidade da
medicina precisa melhorar muito no País e esse avanço depende de vários
fatores. Precisamos começar a mudar isso pela punição às escolas pelos maus
profissionais que colocam no mercado", afirma Desireé Carlos Callegari,
médico anestesiologista e conselheiro do CFM. Segundo ele, um estudante que
paga em média R$ 4,5 mil - padrão do Estado de São Paulo - em uma universidade
privada não pode ser o único responsável pelo mau desempenho nas avaliações.
No domingo, mais de 2
mil estudantes do 6º ano de medicina do Estado de São Paulo farão uma prova
obrigatória elaborada pelo Conselho Regional de Medicina (Cremesp) para avaliar
a formação dos novos médicos. A participação no exame, independente do
resultado, é critério para que os formandos consigam o registro profissional.
A ideia dos conselhos
de classe é tornar o exame uma prova nacional. Um projeto de lei de autoria do
então senador Tião Viana (PT-AC) tramita na Câmara dos Deputados e propõe uma
espécie de Exame de Ordem - prova obrigatória para os bacharéis em direito -
para os estudantes de medicina. "O que estamos avaliando ainda é que essa
prova precisa ter um caráter punitivo para as instituições de ensino", diz
o relator do projeto de lei, deputado Cyro Miranda (PSDB-GO).
O exame aplicado pela
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) impede que os bacharéis reprovados na prova
exerçam a profissão. No entanto, não estipula nenhuma regra para as
universidades. "O que se vê é que nos últimos cinco anos algumas
faculdades não conseguiram aprovar nenhum aluno. O que aconteceu com elas?
Nada, porque o exame da OAB não tem esse poder de interferir nas
faculdades", diz o deputado.
Para o representante
do conselho federal, a fiscalização dos cursos é uma atribuição do Ministério
da Educação (MEC), mas como o órgão "não cumpre com sua função", a
sociedade acaba assumindo esse papel. "Temos inúmeras faculdades sem
condições mínimas para funcionar, sem hospitais, sem professores, sem
laboatórios. Mas ao contrário de fechar essas escolas, o MEC está ampliando
vagas e não e está preocupado com qualidade. Quanto mais melhor", critica
Callegari.
Embora concorde que
uma única prova ao final do curso, como é o exame do Cremesp, não seja o ideal,
ele defende que a avaliação vai ajudar a garantir um diagnótico sobre a formação
dos médicos. "O bom mesmo seria que tivéssemos avaliações seriadas, ao
longo do curso, mas isso é de difícil execução e teria um custo muito
elevado", afirma.
Número de faculdades
O Brasil possui
atualmente 197 faculdades de medicina. O Estado com o maior número de cursos é
São Paulo, com 36. "Em SP temos um médico para 240 pessoas. Já no interior
de Roraima temos um médico para 10,5 mil habitantes. O problema não é a falta,
mas a distribuição", diz Callegari. Segundo ele, a solução do problema não
está na ampliação dos cursos, e sim na definição de um plano de carreira para
os médicos.
A ideia do Conselho
Federal é que os possam começar a carreira nas regiões mais afastadas dos
grandes centros, e progredindo ao longo dos anos. "Isso já e feito nas
carreiras jurídicas", explica o conselheiro.
De acordo com o
senador Cyro Nogueira, o relatório sobre o projeto só deve ser apresentado em
fevereiro de 2013, quando a proposta poderá ser colocada em votação.
PROVA DO CREMESP
A prova, aplicada
desde 2005, passou a ser obrigatória para os estudantes do 6º ano na edição de
2012, que ocorre neste domingo. Os formandos não precisam acertar um número
mínimo de questões, basta que participem do exame para obter o registro.
O exame: a prova será
composta de 120 questões objetivas de múltipla escolha, com cinco alternativas
cada, compreendendo nove áreas - clínica médica, clínica cirúrgica, pediatria,
ginecologia, obstetrícia, saúde mental, saúde pública/epidemiologia, ciências
básicas e bioética;
Quem faz: segundo o
Cremesp, 2.924 estudantes estão inscritos para a prova, que destina-se aos
formandos de 2012 que já solicitaram ou vierem a solicitar registro primário em
São Paulo, independente do Estado de sua formação;
Horários: os locais
de prova estarão abertos a partir das 8h30 de domingo e os portões serão
fechados às 9h. A prova terá duração de cinco horas.
Fonte: terra
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